segunda-feira, 6 de junho de 2011

Santo Daime

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Santo Daime é uma manifestação religiosa surgida em plena região amazônica nas primeiras décadas do século XX. Consiste em uma doutrina espiritualista que tem como base o uso sacramental de uma bebida enteógena, a ayahuasca, com o fim de catalisar processos interiores e espirituais sempre com o objetivo de cura e bem estar do indivíduo. A doutrina não possui proselitismo, sendo a pratica espiritual essencialmente individual, sendo o auto-conhecimento e internalização os meios de obter sabedoria.

Segundo seus adeptos, a doutrina do Santo Daime é uma missão espiritual cristã, que encaminha os seus praticantes ao perdão e a regeneração do seu ser. Isto acontece porque o daimista, ao participar dos cultos e ingerir o Santo Daime inicia um processo de auto conhecimento, que visa corrigir os defeitos e melhorar-se sempre, para que possa um dia alcançar a perfeição.

Nos rituais sempre há uma forte presença musical. São sempre cantados hinos religiosos e são usados maracás, um instrumento indígena ancestral, na maioria dos locais de culto, além de violas, flautas, bongôs e atabaques.

Surgiu no estado brasileiro do Acre, no início do século XX, tendo como fundador o lavrador e descendente de escravos Raimundo Irineu Serra, que passou a ser chamado dentro da doutrina e por todos que o conheciam como Mestre Irineu. Após conhecer a bebida sacramental chamada de ayahuasca pelos nativos da região Amazônica, Irineu Serra teve uma visão de características marianas, em que um ser espiritual superior lhe entrega a missão do Santo Daime.


sábado, 4 de junho de 2011

Não ore as imagens!

Caro visitante!

As imagens que uso neste blog é somente representações.
Ao olhar as imagens pense no que eles foram e o que eles fizeram...
E tente sentir os espíritos deles.
E veja se é um espírito da luz...
Existe somente uma verdade que é Jesus.
Jesus nos usa, se assim nos quisermos, para leva a palavra a todos.
Mesmo que sejamos matéria ou espírito.

Fiquem com o nosso Jesus Cristo, amém!

Hinário O Cruzeiro

(Clique na imagem para baixar)
Hinário
O Cruzeiro

Mestre 
Raimundo Irineu Serra

“O Lindo Daime”

é o hino de número 06 do hinário “Centenário” recebido por Luiz Mendes do Nascimento.

Luiz estava em um trabalho na sala da casa de mestre Irineu. Em um intervalo, na força, ele se dirige a porta de entrada da casa do mestre, senta nos degraus, olha para o terreiro e, mirando, apresentam-se para ele seis palmas de ouro, como se fossem “folhas de palmeiras”. Luiz ouve uma voz, que pede para que ele escolha uma destas palmas, avisando-o que eram hinos. Ele olha de ponta a ponta, e todas as palmas eram de igual beleza. Luiz fica em dúvida sobre qual delas escolher. A “voz” novamente ordena: “-escolhe uma”. Até que ele escolheu: “-eu quero aquela…” Quando “a palma” se revela, vem a melodia e a letra do hino:


O lindo daime
Veja como é
É maravilha
Para todos tendo fé

Eu peço a meu mestre
No meu coração
A santa luz
Da Virgem da Conceição

Te afirma em Deus
Em concentração
Que tu terás
A santa benção

Hino 107 - Chamei lá nas alturas

do Hinário O Cruzeiro do Mestre Raimundo Irineu Serra, comentado por Juarez Duarte Bomfim.

107. Chamei lá nas alturas

Chamei lá nas alturas
Para o Divino me ouvir
A minha mãe me respondeu
Oh filho meu, estou aqui.

Minha mãe, vamos comigo
Para sempre eterna Luz
Para eu poder assinar
Para sempre a Santa Cruz.

Esta cruz no firmamento
Que radeia a Santa Luz
Todos que nela firmar
É para sempre, amém, Jesus.


A história do recebimento deste hino pelo Mestre Raimundo Irineu Serra está relacionada à vida e morte (desencarne) de um outro mestre ayahuasqueiro: Daniel Pereira de Mattos, o Frei Daniel, fundador do Centro Espírita e Culto de Oração “Casa de Jesus Fonte de Luz” - A Barquinha, criado na década de 1940 na zona rural da cidade de Rio Branco-Acre, no seringal Santa Cecília, hoje bairro de Vila Ivonete. 

Daniel Pereira de Mattos - o Frei Daniel - fundador da Barquinha.

De Daniel Pereira de Mattos sabe-se que ele nasceu em 13 de julho de 1888 numa antiga feitoria de escravos de nome São Sebastião de Vargem Grande no interior do Maranhão e que pertenceu a Marinha de Guerra Brasileira. Além disso, sendo homem bastante habilidoso, dele é dito que sabia desempenhar doze tarefas: foi construtor naval, cozinheiro, músico, barbeiro, alfaiate, carpinteiro, marceneiro, artesão, poeta, pedreiro, sapateiro e padeiro.

Ao fixar residência na cidade de Rio Branco-Acre, Daniel se notabilizou como um grande boêmio do bairro do Papôco, as margens do Rio Acre, zona de baixo meretrício e freqüentado por navegantes e boêmios em geral que por ali passavam.

Daniel fazia composições musicais que falavam de amor, paixão e busca pela mulher amada. Músicas que fluíam pelos seus dedos ao violão declarando paixão pela noite e pelas serenatas que embriagavam os homens de canções e cachaça.

Ao encontrar-se enfermo, com problemas de fígado, decorrente do abuso de álcool, passa a ser tratado e zelado pelo seu conterrâneo, Raimundo Irineu Serra, fundador da doutrina do Santo Daime. O tratamento teve início em 1936, sendo interrompido por Daniel quando se encontrou melhor de saúde. Voltou a beber e novamente doente, foi chamado pelo generoso e paciente amigo Irineu Serra para fazer um novo tratamento pelo restabelecimento da saúde física e espiritual.

Daniel se tornou discípulo do Mestre Irineu Serra, ficou conhecido como o “barbeiro do Mestre” e tocava violino nos trabalhos espirituais de Concentração instituídos por Irineu Serra.

Já residindo na colônia Custódio Freire, atual Vila Irineu Serra (Alto Santo) o Mestre Irineu para lá também transferiu os seus trabalhos. Ao término de uma Concentração, Daniel, cansado, voltando para casa, adormeceu a margem do igarapé São Francisco e teve um sonho, uma visão: a descida do céu de dois Anjos que, por ordem da Virgem da Conceição, lhe entregaram um Livro Azul e lhe falaram no cumprimento de uma missão.

Esta foi a “primeira morte” de Daniel Pereira de Mattos, quando dessa experiência e revelação renasce como místico e devoto de São Francisco das Chagas. A visão do Livro Azul por Daniel pode ser encarada como o primeiro ensinamento da doutrina que então surgia. Cada página deste livro foi e continua sendo instruções musicadas (salmos) recebidas e a cor do livro, o azul, representa o céu, de onde provêm revelações do nosso Pai de bondade, da Virgem Mãe Santíssima e dos Seres Divinos da Corte Celestial.

Os trabalhos espirituais com Daime do Mestre Daniel Pereira de Mattos tiveram a duração de doze anos (1946-1958). Daniel construiu uma casinha rústica de taipa e paus roliços, semelhante a uma pequena casa de seringal – a Capelinha de São Francisco. Lá ele recebeu os salmos de louvor e instruções provenientes dos planos sagrados – o Astral Superior. Neste espaço começou o trabalho de atendimento denominado “Obras de Caridade”. No início era procurado pelos seringueiros e caçadores da região junto com suas famílias. Pouco tempo depois, moradores da zona urbana de Rio Branco passaram a procurá-lo.

Daniel passou desta vida para a eternidade no interior da casinha de Feitio do Daime no dia 08 de setembro de 1958, às 18:30h, no início da romaria de São Francisco das Chagas. Seu corpo foi colocado no interior da igreja, sobre a mesa de concreto que ainda estava em fase de construção.


Chamei lá nas alturas
Para o Divino me ouvir
A minha mãe me respondeu
Oh filho meu, estou aqui.

Voltando a história do recebimento do hino 107 - Chamei lá nas alturas, pelo Mestre Raimundo Irineu Serra, conta-se que no dia do velório e enterro do Frei Daniel, dentro da própria Capelinha de São Francisco, foi durante o velório que o Mestre Irineu recebeu este hino, e o chamamento a entidades do Astral, comum a tradição ayahuasqueira, é aí uma invocação a Sempre Virgem Maria, que pressurosamente atende: “Oh filho meu, estou aqui”.


Esta cruz no firmamento
Que radeia a Santa Luz
Todos que nela firmar
É para sempre, amém, Jesus.


Na estrofe final, uma das mais belas imagens da cristandade se cristaliza nos versos desta canção e na superconsciência da miração: uma majestosa cruz luminosa envolvendo, no firmamento, o Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ao término do enterro do Mestre Daniel Pereira de Mattos, o gigante Irineu Serra tendo ao seu lado a pequenina Percília Matos da Silva e os demais acompanhantes, voltaram para casa, nas terras sagradas do Alto Santo, cantarolando este hino, para ser apresentado a toda a irmandade.

Diversão No. 06 – Trabalhador, do Mestre Raimundo Irineu Serra

Comentada por Juarez Duarte Bomfim

06 - Trabalhador

Quem quiser ser bem querido
Seja bom trabalhador
Para viver neste mundo
É preciso ter amor

Trá  lá, lá, lá, 
Trá  lá, lá, lá.


Esta é a sexta e última diversão do Mestre Raimundo Irineu Serra, e foi introduzida por um dos seus discípulos no conjunto de canções que são cantadas nos intervalos dos hinários, para uma diversão, uma brincadeira, um entretenimento.

Contam que um dos lugares preferidos pelo Mestre Irineu para orar e meditar nas horas doAngelus [1] era em um cafezal próximo a sua residência. Local que oferecia condições propícias para o recolhimento meditativo de um buscador de Deus. Esse lugar ficou conhecido lá na Vila Irineu Serra como o “Cafezal do Mestre”, lugar sagrado para os seus devotos e profanado posteriormente pela privatização e interdição de acesso por muros altos da habitação de um insensível novo morador da Vila, que vetou a própria contemplação de significativo sítio para os inúmeros discípulos do Mestre Irineu.


Fotos do Cafezal do Mestre, onde existem diversas espécies de árvores e plantas, assim como Jagube e Rainha em profusão, plantados pelas suas próprias mãos, quando ainda vivo.

O Mestre Irineu Serra estimulava entre seus amigos e companheiros - residentes na Colônia Seringal Espalhado, atual Vila Irineu Serra – o trabalho solidário e coletivo nas formas de mutirão e adjutório, relações de trabalho cooperativos comuns e freqüentes entre amigos e vizinhos no meio rural brasileiro e em bairros populares urbanos.

Ele mesmo, o Mestre Irineu Serra, só aceitava parcialmente o regime de trabalho de adjutório, pois como homem de posses sempre remunerava financeiramente os necessitados.

Era no cafezal o ponto de encontro para reunião das equipes de trabalho que saiam a lavrar a terra e cuidar do roçado. O Mestre Irineu era sempre o primeiro a chegar. E mesmo quando os seus companheiros tentavam lhe fazer surpresa, tipo combinar uma limpeza de terreno ou qualquer outro serviço sem lhe comunicar previamente, o Mestre sempre sabia, e para o local acertado se dirigia mais cedo, os aguardando.

Certa vez, quando seu Francisco Granjeiro Filho para lá se encaminhava, ao vê-lo caminhando em sua direção, o Mestre começa a cantar:

Quem quiser ser bem querido
Seja bom trabalhador
Para viver neste mundo
É preciso ter amor.


Seguido do refrão:
Trá  lá, lá, lá, 
Trá  lá, lá, lá.


E aquela que deveria ser uma estafante e suarenta manhã de trabalho árduo na calorenta e úmida cidade de Rio Branco se transformou numa grande festa, na celebração alegre da amizade e do companheirismo dentro daquela irmandade.

Felizardo é aquele que tem o privilégio da convivência com o Mestre, pois o seu cotidiano será sempre de festa, será sempre feliz Certa vez perguntaram a Jesus:

“- Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os seus discípulos?”

“E Jesus disse-lhes: Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar”. [2]

Jesus se compara ao esposo em bodas, que a festeja junto com os seus amigos. [3] A festa da aliança de Deus com os homens, que enviou o seu Filho para no salvar.

Muitos anos depois, aquele fiel discípulo do Mestre Irineu, o Chico Granjeiro, grande contador de causos do Mestre, encontrava-se no mesmo cafezal, lavrando a terra e aguardando a chegada do amigo Tufi Rachid Amim. Ao vê-lo se aproximar, relembra dessa canção, cantando-a em saudação ao companheiro. Logo depois, narrou ao mesmo essa significativa história: o momento especial de recebimento desta diversão pelo Mestre Irineu.


Ali surgiu a idéia de inserir essa simples e divertida canção no conjunto das diversões. Foi formulada a proposta por Tufi e aceita pelos dirigentes do Centro Livre. A partir desse dia o chamamento a se travar o bom combate para ser filho estimado da Virgem Senhora Mãe e viver neste mundo com amor é cantado nos inúmeros centros livres espalhados pelo mundo Terra, que existem em benefício dos nossos irmãos.

[1] Horas de rezar a Ave Maria: 06,12 e 18h.
[2] Marcos 2:18-19.
[3] Porém, Jesus adverte: “Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias”. Marcos 2:20.

Hino 126 do Cruzeiro - Flôr das Águas

"Esse hino foi apresentado na concentração e ele foi... Tinha um bocado de irmão ao redor dele, ele foi, e perguntou o seguinte: "Onde fica o coração do mundo?" Aí, um olhou para o outro. O outro olhou para o outro... Ninguém disse nada nessa hora. Não souberam não. Aí ele foi e disse:

- O coração do mundo é o mar.

Aí eu ouvi bem pertinho ali, né. Eu esperava uma pessoa assim, já de idade respoder para ele, mas também eu não sabia, não. Eu disse - Eu vou esperar para ficar sabendo onde é? É o mar.

Nonato Mendes - Luzeiro da Manhã, Bujari - AC (Do livro Contos da Lua Branca - Florestan Neto)