Comentada por Juarez Duarte Bomfim
06 - Trabalhador
Quem quiser ser bem querido
Seja bom trabalhador
Para viver neste mundo
É preciso ter amor
Trá lá, lá, lá,
Trá lá, lá, lá.
Esta é a sexta e última diversão do Mestre Raimundo Irineu Serra, e foi introduzida por um dos seus discípulos no conjunto de canções que são cantadas nos intervalos dos hinários, para uma diversão, uma brincadeira, um entretenimento.
Contam que um dos lugares preferidos pelo Mestre Irineu para orar e meditar nas horas doAngelus [1] era em um cafezal próximo a sua residência. Local que oferecia condições propícias para o recolhimento meditativo de um buscador de Deus. Esse lugar ficou conhecido lá na Vila Irineu Serra como o “Cafezal do Mestre”, lugar sagrado para os seus devotos e profanado posteriormente pela privatização e interdição de acesso por muros altos da habitação de um insensível novo morador da Vila, que vetou a própria contemplação de significativo sítio para os inúmeros discípulos do Mestre Irineu.
Fotos do Cafezal do Mestre, onde existem diversas espécies de árvores e plantas, assim como Jagube e Rainha em profusão, plantados pelas suas próprias mãos, quando ainda vivo.
O Mestre Irineu Serra estimulava entre seus amigos e companheiros - residentes na Colônia Seringal Espalhado, atual Vila Irineu Serra – o trabalho solidário e coletivo nas formas de mutirão e adjutório, relações de trabalho cooperativos comuns e freqüentes entre amigos e vizinhos no meio rural brasileiro e em bairros populares urbanos.
Ele mesmo, o Mestre Irineu Serra, só aceitava parcialmente o regime de trabalho de adjutório, pois como homem de posses sempre remunerava financeiramente os necessitados.
Era no cafezal o ponto de encontro para reunião das equipes de trabalho que saiam a lavrar a terra e cuidar do roçado. O Mestre Irineu era sempre o primeiro a chegar. E mesmo quando os seus companheiros tentavam lhe fazer surpresa, tipo combinar uma limpeza de terreno ou qualquer outro serviço sem lhe comunicar previamente, o Mestre sempre sabia, e para o local acertado se dirigia mais cedo, os aguardando.
Certa vez, quando seu Francisco Granjeiro Filho para lá se encaminhava, ao vê-lo caminhando em sua direção, o Mestre começa a cantar:
Quem quiser ser bem querido
Seja bom trabalhador
Para viver neste mundo
É preciso ter amor.
Seguido do refrão:
Trá lá, lá, lá,
Trá lá, lá, lá.
E aquela que deveria ser uma estafante e suarenta manhã de trabalho árduo na calorenta e úmida cidade de Rio Branco se transformou numa grande festa, na celebração alegre da amizade e do companheirismo dentro daquela irmandade.
Felizardo é aquele que tem o privilégio da convivência com o Mestre, pois o seu cotidiano será sempre de festa, será sempre feliz Certa vez perguntaram a Jesus:
“- Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, e não jejuam os seus discípulos?”
“E Jesus disse-lhes: Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não podem jejuar”. [2]
Jesus se compara ao esposo em bodas, que a festeja junto com os seus amigos. [3] A festa da aliança de Deus com os homens, que enviou o seu Filho para no salvar.
Muitos anos depois, aquele fiel discípulo do Mestre Irineu, o Chico Granjeiro, grande contador de causos do Mestre, encontrava-se no mesmo cafezal, lavrando a terra e aguardando a chegada do amigo Tufi Rachid Amim. Ao vê-lo se aproximar, relembra dessa canção, cantando-a em saudação ao companheiro. Logo depois, narrou ao mesmo essa significativa história: o momento especial de recebimento desta diversão pelo Mestre Irineu.
Ali surgiu a idéia de inserir essa simples e divertida canção no conjunto das diversões. Foi formulada a proposta por Tufi e aceita pelos dirigentes do Centro Livre. A partir desse dia o chamamento a se travar o bom combate para ser filho estimado da Virgem Senhora Mãe e viver neste mundo com amor é cantado nos inúmeros centros livres espalhados pelo mundo Terra, que existem em benefício dos nossos irmãos.
[1] Horas de rezar a Ave Maria: 06,12 e 18h.
[2] Marcos 2:18-19.
[3] Porém, Jesus adverte: “Mas dias virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão naqueles dias”. Marcos 2:20.
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